Contudo, desde a Baixa Idade Média até hoje os judeus vêm sofrendo
perseguições. Os judeus foram deportados da Inglaterra e da França
nos séculos XIII e XIV; na Espanha, começaram a ser perseguidos no
século XV e acabaram expulsos em 1492. Na Noruega, uma lei
aprovada em 1687 negava a qualquer judeu o acesso ao país sem
permissão especial, e a Constituição norueguesa de 1814 conservou
esse embargo. A "cláusula judaica" só foi anulada em 1851.
Sem dúvida, a pior de todas as perseguições sofridas pelos judeus
ocorreu na Alemanha entre 1933 e 1945. Acredita-se que 6
milhões de judeus foram exterminados durante o regime nazista.
Fazia muito tempo que os judeus vinham tendo uma participação
proeminente na vida cultural da Europa Central, como artistas,
cineastas, escritores e cientistas. Também havia jornais e livros,
filmes e peças de teatro que circulavam em iídiche, língua
semelhante ao alemão mas escrita com caracteres hebraicos, falada
por muitos judeus.
Mesmo nos períodos em que não havia perseguição direta,
com freqüência os judeus eram tratados como párias sociais. Eles
eram forçados a adotar nomes facilmente reconhecíveis e a morar em
áreas especiais da cidade, os chamados guetos. Numa época em que a
agricultura consistia no meio mais comum de subsistência, era-lhes
proibido possuir terras, o que os impeliu a se destacar no comércio.
Diferentemente dos muçulmanos e dos católicos, sua religião lhes
permitia ganhar juros emprestando dinheiro, e muitos deles se
tornaram importantes banqueiros.
As expectativas messiânicas e o sionismo
Durante milhares de anos os judeus esperaram um Messias
que viria criar um reino de paz na Terra. As raízes históricas dessa
expectativa datam da idade de ouro de Israel, no reinado de Davi,
quando os reis eram ungidos ao subir ao trono. Na verdade, a
palavra Messias significa "o ungido". Desde a época do exílio
babilônico os judeus alimentaram a esperança e a crença de que
chegaria um Messias, um novo rei saído da linhagem de Davi. Esse rei
ideal iria restabelecer Israel como uma grande potência, e seu povo
passaria a viver em eterna felicidade.
Até hoje a expectativa da chegada do Messias continua viva (para alguns judeus)
em muitos judeus. Mas nem todos pensam no Messias como uma
pessoa; falam, em vez disso, numa futura "era messiânica": um estado
de paz na Terra, no qual Israel assumiria um papel de destaque. Alguns
judeus acreditam que a fundação de Israel, em 1948, cumpriu as
expectativas messiânicas que seu povo conservou de geração em
geração.
A fundação do Estado de Israel constituiu a culminância de
um longo processo cujos primeiros passos foram dados no final do
século XIX, quando muitos judeus começaram a falar sobre a
possibilidade de voltar para sua antiga pátria. Isso representou o
reforço palpável de um antigo desejo, que é repetido pelos judeus
todos os anos na Páscoa: "No ano que vem em Jerusalém". O escritor
e jornalista Theodor Herzl (1860-1904), em seu influente livro O
Estado judaico, argumentava que, como nem a integração e
assimilação dos judeus aos países onde viviam conseguira acabar
com a perseguição a eles, a única solução seria lhes dar um Estado
próprio. Essa idéia foi chamada de sionismo, palavra vinda de monte
Sião, colina sobre a qual Jerusalém foi parcialmente construída.
Naquela época havia apenas cerca de 25 mil judeus vivendo
na Palestina; a partir daí, porém, iniciou-se uma considerável onda
de imigração, em especial de judeus russos. Mas os planos para
fundar um país próprio progrediam devagar, em parte porque na
época a Palestina era uma colônia britânica. Entretanto, a
perseguição nazista aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial
gerou uma situação inteiramente nova. Terminada a guerra, a nova
República de Israel foi proclamada em 1948. Muitos antigos sionistas
desejavam criar um Estado laico, secular, mas os judeus ortodoxos
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